Era uma vez um líder que dimensionava perfeitamente o seu processo, qualificando e motivando o seu pessoal, desenvolvendo planos de trabalho com requintes de detalhes, e que tinha a sua disposição todos os recursos necessários. Mas na hora de apresentar os resultados do seu departamento, estava sempre abaixo das metas estabelecidas. Por que isso acontece comigo? – perguntava o líder sem conseguir entender onde errava.
Eu vou contar o que ele não sabia: é que as pessoas quando em grupo funcionam de forma diferente de quando trabalham sozinhas.
É importante não confundir agrupamento, que é um conjunto de pessoas que convivem em um mesmo espaço com grupo, é a reunião de pessoas com objetivos claramente definidos e interesses em comum.
A missão de um líder é conhecer e entender a dinâmica dos grupos tão bem que ele consiga que seus liderados queiram se liderar sozinhos, estando dispostos a cooperar. Nesse clima de boa vontade, a única coisa que um líder precisa fazer é disponibilizar os recursos e os métodos para que o processo aconteça.
Dentre tantos fenômenos que ocorrem nos processos de grupo, existe um, em especial, que todo líder precisa conhecer porque tem impacto direto em sua própria produtividade. Este fenômeno foi identificado pelo psicanalista britânico Wilfred Bion e mostra o grupo transitando ciclicamente entre dois modos de operar: o modo raciona, quando as pessoas se unem para a realização de uma tarefa e o modo emocional, onde prevalecem comportamentos infantilizados de dependência, da luta e da fuga.
Assim, racionalmente o grupo se posiciona com o propósito de realizar a tarefa estabelecida, porém por melhores que sejam as condições disponibilizadas pelo líder, o primeiro movimento que o grupo faz é de se colocar dependente deste líder mesmo que seja capaz de resolver os problemas que a tarefa apresenta.
Os apelos de colo podem despertar no líder sentimentos que podem levá-lo a querer assumir a resolução dos problemas do grupo, pelo grupo. O resultado disso é um líder atolado de trabalhos que não lhe pertencem, atrasado com os seus próprios trabalhos e responsabilizado pela não produtividade do grupo.
Para fugir desta armadilha o líder deve buscar uma postura assertiva, dizendo não aos pedidos de colo, assumindo pra si a função de planejar, cobrando metas e prazos e, deixando para o grupo todas as responsabilidade relativas às atividades de execução, só interferindo nesta função quando isso for realmente necessário ou conveniente ao funcionamento do processo como um todo.
Líder é assertivo e não bonzinho.