Não se pode negar: a competição nas relações interpessoais existe. A escassez provoca a competição. É a lei da sobrevivência. Greve de ônibus na cidade e aparece o primeiro ônibus depois de horas de espera. Quem vai entrar? Todos que estão no ponto do ônibus, tem uma necessidade: querem e precisam chegar a algum lugar. Vai haver a competição instintivamente. Mas, e depois, por que as pessoas que entraram no ônibus continuam a competir se não há escassez para necessidade maior? Porque as pessoas continuam competindo? Já viram café da manhã em hotéis? Os hospedes lutam pelo que não é escasso e pelo que não precisam. A movimentação das pessoas para pegarem pratos, talheres e os alimentos é frenética. Furam-se as filas, bufa-se de impaciência com a velocidade de quem está se servindo. Por quê? Para que?
Esse é o grande problema que as empresas enfrentam: seus profissionais competem entre si o tempo todo, sem mesmo saberem por que, prejudicando a produtividade, causando grandes desperdícios burocráticos e piorando a qualidade de vida deles próprios na empresa.
Os Líderes Corporativos precisam educar seus liderados para saberem quando, como, e porque competir e principalmente que o adversário não está na empresa, se é que existe algum.
A ferramenta a ser usada pelo líder de processo neste caso são as dinâmicas cooperativas. Dinâmicas Cooperativas são dinâmicas de grupo que têm como objetivo despertar a consciência da importância da boa vontade nas relações interpessoais.
Nas dinâmicas cooperativas, aprende-se a considerar as pessoas que fazem parte do grupo de trabalho como parceiros, e não como adversários, desenvolve-se a empatia, ou seja, a se colocar no lugar do outro, e a sempre priorizar os interesses do grupo acima dos interesses pessoais, porque o grupo aprende que não existe o ganhar ou perder individual: ou o grupo funciona ou ninguém funciona.
As dinâmicas cooperativas são atividades lúdicas e, portanto, bem aceitas em treinamentos empresariais porque os adultos participam de forma autêntica. Além disso, nas dinâmicas cooperativas, é possível observar que a velocidade do grupo é a velocidade do seu integrante mais lento e por isso, os seus elementos precisam cooperar para que o grupo funcione de forma efetiva.
As dinâmicas cooperativas não devem ser confundidas como atividades paliativas de integração. Elas fazem isso, mas pela identificação e eliminação das causas que provocam as competições inadequadas. Dinâmicas cooperativas não trabalham o efeito como, por exemplo: agora, vamos aprender sobre a importância do abraço. Quero que vocês troquem muitos abraços. Vamos lá!!
Eu comparo atividades deste tipo à tomar antitérmico para baixar a febre sem que se tomem os antibióticos para eliminar a infecção. O sujeito morre, mas com 36,5 de temperatura. Algumas dinâmicas cooperativas podem provocar a competição para que depois os indivíduos analisem o que o grupo acabou perdendo por não ter havido Boa vontade entre eles.
O autoconhecimento e o autocontrole são os propósitos maiores das dinâmicas cooperativas e, portanto, o processo de reeducação para a modificação do condicionamento competitivo, deve começar pelos líderes da empresa, pois são eles que dão o tom do clima organizacional.